Até final de agosto, o espaço cultural Rotondes, no Luxemburgo, tem exposição de minigolfe que pode ser utilizada por crianças e adultos. O circuito foi desenhado por 18 artistas plásticos, incluindo Marco Godinho e a artista sul-coreana Keong-A Song, casada com o português.
À entrada das Rotondes, um velho Mini coberto por tapetes de relva artificial dá o mote, evocando o tema da nova exposição: Mini + Golfe. O centro cultural de Bonnevoie convidou 18 artistas ou duplas de artistas para criar um circuito de minigolfe funcional, que pode ser utilizado por crianças e adultos. O resultado tem obstáculos para todos os gostos: há uma tenda gigante, uma versão que casa o golfe e o paintball e um campo com plataformas robotizadas que giram em várias direções para formar novas estruturas e barreiras.
Entre os artistas convidados estão Marco Godinho, que vai representar o Luxemburgo na Bienal de Veneza no próximo ano, e a artista sul-coreana Keong-A Song, casada com o português. A criação do casal chama-se “Conversa” (“Conversation’) e, apesar de ser uma das mais abstratas, foi uma das mais populares durante a inauguração, na quinta-feira. Na obra, perfeitamente funcional, cruzam-se os universos de ambos os artistas, a viver entre o Luxemburgo e Paris: os desenhos de criaturas fabulosas de Keong-A Song, que desenhou um mapa para ser usado como manual de instruções, e o desvio de objetos do quotidiano típico nas obras de Godinho. “É a primeira vez que trabalhamos juntos, e somos tão diferentes nas nossas escolhas que foi divertido”, conta Keong-A Song.
Na instalação do casal, tudo foi reaproveitado, dando novos usos a objetos encontrados em casa, da bicicleta reciclada aos tijolos ou vasos com plantas. E tudo faz barulho, das rampas em zinco canelado ao balde metálico que faz de buraco e assinala a vitória. “O percurso converte-se num elemento sonoro: vrrr, pá!, tling, pong!”, aponta Marco Godinho. “Há um elemento ecológico e mesmo político: é uma obra que suscita o interesse porque interpela as pessoas, fá-las pensar: ‘Ah, sim, podia usar uma velha bicicleta para fazer alguma coisa”.
Com a junção dos objetos que cada um trouxe – ele uma enorme raiz, ela uma escova gigante – criam-se “situações esculturais”, com “novas associações” que “despertam outros mecanismos do pensamento”, explica Marco Godinho.
O percurso tem um nível de dificuldade que o português descreve como “perto do impossível”, e levou vários meses a ser criado. “Fizemos muitos testes durante dois ou três meses, não foi fácil”, recorda Keong-A Song. “Eu não tinha muito jeito para o minigolfe, mas agora estou quase profissional”, brinca a ilustradora sul-coreana.
A iniciativa assinala o 10º aniversário + 1 das Rotondes, evocando uma exposição dedicada à arte lúdica realizada em 2007, durante a Capital Europeia da Cultura. Nessa altura, Marco Godinho apresentou uma mesa de pingue-pongue circular, que girava de forma automatizada, reinventando as regras do jogo para o alargar a mais participantes. Onze anos depois, o português, com dupla nacionalidade, não tem mãos a medir, tornando-se num dos artistas mais internacionais do Grão-Ducado. Regressou do Canadá para inaugurar esta exposição e partiria no dia seguinte para Gdansk, na Polónia, onde vai apresentar a obra “Forever Immigrant”, uma sobreposição de carimbos que evoca simultaneamente a migração de andorinhas e o inferno burocrático vivido pelos imigrantes.
A exposição sobre minigolfe conta ainda com mais 17 artistas ou duplas artísticas do Luxemburgo e dos países vizinhos. Uma lista que inclui Filip Markiewicz (que representou o Grão-Ducado em Veneza em 2014) e a dupla Feipel & Bechameil (que no ano passado apresentou a exposição “Theatre of Disorder”, no Casino do Luxemburgo). Além destes, participam também Frédéric Rey, Guillaumit, Laura Mannelli, Lucie Majerus, Max Mertens, Morgan Fortems, Raoul Gross, Serge Ecker, Stina Fisch & Leif Heidenreich, Sven Becker & Paul Schroeder, Trixi Weis, Wennig & Daubach, Yann Annicchiarico, Christophe Peiffer e Daniel Wagener.
O circuito vai estar aberto ao público até 26 de agosto. Em julho, o horário de funcionamento é de quinta a sábado, das 15h às 19h, e aos domingos, das 12h às 18h (fechado de segunda a quarta). Em agosto, aproveitando o festival de música ’indie’ “Congés annulés”, o minigolfe vai estar aberto todos os dias: de segunda a sábado, das 16h às 21h, e aos domingos, das 12h às 21h. Uma partida custa cinco euros (três para menores de 16 anos, estudantes e titulares do cartão Kulturpass). Visitas guiadas à quinta-feira, às 18h30.